Os hemangiomas infantis são os tumores vasculares benignos mais comuns da infância, acometendo até 5% dos lactentes. Eles são formados por células que revestem os vasos sanguíneos e geralmente aparecem nas primeiras semanas de vida. Embora a causa dos hemangiomas infantis seja desconhecida, eles tendem a ser mais comuns em mulheres, bebês prematuros e gêmeos ou trigêmeos.
O que veremos neste artigo
A maioria dos hemangiomas infantis é pequena e inofensiva, e muitas vezes desaparecem por conta própria sem qualquer tratamento médico. Entretanto, alguns hemangiomas podem crescer rapidamente e causar complicações, como sangramento, ulceração ou obstrução de estruturas anatômicas importantes. Portanto, é importante monitorar o crescimento e desenvolvimento dos hemangiomas infantis e procurar atendimento médico se necessário.
A Academia Americana de Pediatria lançou recentemente uma diretriz de prática clínica para o manejo de hemangiomas infantis, que fornece recomendações baseadas em evidências sobre a avaliação, diagnóstico e tratamento desses tumores. Este artigo explorará as causas, sintomas e opções de tratamento dos hemangiomas infantis, bem como as diretrizes mais recentes sobre seu manejo.
Definição de Hemangiomas Infantis
Os hemangiomas infantis, são tumores benignos que se desenvolvem em lactentes e crianças pequenas. São o tipo mais comum de tumor vascular em crianças e geralmente são inofensivos. São constituídos por vasos sanguíneos que se formam incorretamente e se multiplicam mais do que deveriam.
Esses tumores podem aparecer em qualquer parte do corpo, mas ocorrem mais comumente na face, couro cabeludo, tórax e costas. Eles geralmente aparecem no nascimento ou nas primeiras semanas após o nascimento. Crescem rapidamente durante os primeiros meses de vida e, em seguida, diminuem gradualmente e desaparecem nos anos seguintes.
Eles são classificados de acordo com sua localização e aparência. Os hemangiomas superficiais estão localizados nas camadas superiores da pele e aparecem como saliências vermelhas brilhantes e elevadas. Os hemangiomas profundos estão localizados nas camadas mais profundas da pele e aparecem como nódulos roxo-azulados. Os hemangiomas mistos têm características de hemangiomas superficiais e profundos.
A maioria dos hemangiomas infantis é pequena e não requer tratamento. No entanto, alguns podem ser problemáticos devido ao seu tamanho ou localização. Aqueles que interferem na visão, respiração, alimentação ou outras funções importantes podem necessitar de tratamento.
Causas e Fatores de Risco
Os hemangiomas infantis são causados por um crescimento anormal dos vasos sanguíneos na pele. A causa exata desse crescimento ainda não é totalmente compreendida, mas pesquisas sugerem que pode ser devido a uma combinação de fatores genéticos e ambientais.
Os fatores de risco para o desenvolvimento de hemangiomas infantis incluem:
- Sexo: As mulheres são mais propensas a desenvolver hemangiomas infantis do que os homens.
- Idade: Os hemangiomas infantis geralmente aparecem nas primeiras semanas de vida.
- Nascimento prematuro: Bebês nascidos prematuramente têm maior risco de desenvolver hemangiomas infantis.
- História familiar: Pode haver um componente genético nos hemangiomas infantis, pois eles tendem a ocorrer em famílias.
- Gestação múltipla: Bebês de gestações múltiplas, como gêmeos ou trigêmeos, têm maior risco de desenvolver hemangiomas infantis.
- Baixo peso ao nascer: Recém-nascidos com baixo peso têm maior risco de desenvolver hemangiomas infantis.
Embora a causa exata dos hemangiomas infantis ainda não seja totalmente compreendida, é importante notar que eles não são causados por quaisquer ações ou comportamentos dos pais durante a gravidez ou após o nascimento.
Sintomas
Os hemangiomas infantis são frequentemente visíveis ao nascimento ou aparecem nas primeiras semanas de vida. Eles geralmente crescem rapidamente durante os primeiros 3-6 meses de vida. Os sintomas dos hemangiomas infantis incluem:
- Lesões vermelhas ou azuis, elevadas ou planas.
- Aparência de morango ou borboleta.
- Crescimento rápido durante as primeiras semanas ou meses de vida.
- Ulceração.
- Sangramento: Os hemangiomas podem sangrar se forem esbarrados ou arranhados.
A maioria dos hemangiomas infantis não causa outros sintomas ou problemas de saúde e acabará por resolver por conta própria sem qualquer tratamento. No entanto, em casos raros, podem causar complicações como problemas de visão ou respiratórios se crescerem perto dos olhos ou das vias aéreas.
Se você notar qualquer um desses sintomas em seu filho, é importante consultar um profissional de saúde para um diagnóstico preciso e plano de tratamento adequado.
Diagnóstico
O diagnóstico de hemangiomas infantis geralmente requer exame físico e história clínica. A maioria pode ser diagnosticada por meio de um exame e perguntando sobre a gravidez e a saúde do bebê. No entanto, os hemangiomas profundos sob a pele às vezes podem ser mais difíceis de diagnosticar. Como o hemangioma cresce durante a fase proliferativa (do nascimento até 1 ano de idade), o diagnóstico será mais fácil.
Além disso, é importante avaliar cuidadosamente os pacientes com hemangiomas infantis para detectar possíveis complicações ou anomalias associadas, como síndromes de PHACE (PHACE é um acrônimo usado para descrever uma síndrome caracterizada pela associação de malformações da região posterior do cérebro, hemangiomas faciais grandes, anomalias anatômicas das artérias cerebrais, da aorta do coração e dos olhos) ou de Kasabach-Merritt.
De acordo com a diretriz, exames de imagem não são recomendados para o diagnóstico. No entanto, exames de imagem podem ser considerados em certos casos, como quando há preocupação com uma anomalia estrutural próxima ou quando o diagnóstico é incerto. Nesses casos, a ressonância magnética (RM) é a modalidade de imagem preferida.
Além do exame físico e da história clínica, outras características clínicas podem auxiliar no diagnóstico. Estes incluem crescimento rápido durante a fase proliferativa, um padrão típico de crescimento e involução, e uma aparência característica em exames de imagem.
É importante diferenciar hemangioma infantil de outras anomalias vasculares, como malformações vasculares, que podem exigir diferentes estratégias de manejo. Uma abordagem multidisciplinar em equipe pode ser necessária para a avaliação e manejo de casos complexos.
Em geral, o diagnóstico precoce e preciso é fundamental para o manejo adequado e monitoramento de potenciais complicações.
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Opções de tratamento
A maioria dos hemangiomas infantis é pequena, inócua, auto-resolutiva e não requer tratamento. No entanto, devido ao seu tamanho ou localização, uma minoria significativa é potencialmente problemática. A seguir estão as opções de tratamento atuais:
Observação
A observação é a estratégia de manejo mais comum para . A maioria sofre um curso natural de crescimento e regressão, com 50% sofrendo regressão completa aos 5 anos e 70% aos 7 anos. A observação é a estratégia de manejo preferida para hemangiomas infantis pequenos e não complicados, especialmente aqueles localizadas em áreas onde o comprometimento estético ou funcional é improvável.
Propranolol
O propranolol oral é a terapia de primeira linha para hemangiomas infantis que necessitam de tratamento. O tratamento com propranolol deve ser iniciado o mais rápido possível após o diagnóstico para evitar complicações.
Timolol tópico
O timolol tópico é um betabloqueador que tem se mostrado eficaz no tratamento de hemangiomas infantis superficiais. É menos eficaz do que o propranolol oral, mas pode ser usado como uma alternativa.
Corticosteróides
Os corticosteroides são usados no tratamento de hemangiomas infantis que não são adequados para propranolol ou timolol. Podem ser administrados por via oral, tópica ou por injeção. Seu uso é limitado por seus efeitos colaterais. Outro medicamento que pode ser usado para tratar inclui interferon-alfa.
Cirurgia
A cirurgia é reservada para casos que não são passíveis de outras modalidades de tratamento. A cirurgia geralmente é realizada após a regressão do hemangioma infantil e a lesão residual está causando prejuízo funcional ou estético. A cirurgia está associada a um maior risco de complicações do que outras modalidades de tratamento e deve ser realizada por um cirurgião experiente.
Laserterapia
A laserterapia é uma modalidade de tratamento eficaz para hemangiomas infantis pequenos e finos e para o tratamento de feridas em um hemangioma. A laserterapia pode ser usada isoladamente ou em combinação com outras modalidades de tratamento. A laserterapia é geralmente segura e eficaz, mas há risco de alterações cicatriciais e pigmentares.
Possíveis complicações
Enquanto a maioria dos hemangiomas infantis são inofensivos e se resolvem por conta própria, alguns podem causar complicações. São possíveis complicações associadas aos hemangiomas:
Ulceração
A ulceração é uma complicação comum dos hemangiomas infantis, particularmente aqueles localizados nos lábios, bochechas e área das fraldas. A pele próxima do hemangioma pode romper, levando a uma ferida aberta dolorosa e muitas vezes infectada. Os pais devem monitorar o hemangioma em busca de sinais de ulceração, como eliminação de secreção, vermelhidão e inchaço.
Problemas de visão e audição
Hemangiomas infantis localizados perto dos olhos ou ouvidos podem causar problemas de visão ou audição. Um hemangioma perto do olho pode causar astigmatismo, ambliopia ou estrabismo, enquanto um hemangioma perto do ouvido pode causar perda auditiva.
Obstrução das Vias Aéreas
Hemangiomas localizados na via aérea podem causar dificuldades respiratórias. Podem obstruir as vias aéreas, levando a desconforto respiratório, estridor e cianose. A obstrução das vias aéreas é uma emergência médica e requer tratamento imediato.
Hemorragia
Os hemangiomas podem sangrar espontaneamente ou após pequenos traumas. O sangramento pode ser grave e fatal, especialmente se o hemangioma estiver localizado em um órgão vital, como o fígado.
Desfiguração Estética
Hemangiomas localizados na face ou em outras áreas visíveis podem causar desfiguração estética. Podem afetar a autoestima e a qualidade de vida da criança. Tratamentos estéticos, como laserterapia ou cirurgia, podem ser necessários para melhorar a aparência do hemangioma.
De modo geral, os pais devem estar cientes das possíveis complicações associadas aos hemangiomas infantis e procurar atendimento médico se suspeitarem de algum problema. Com o manejo adequado, a maioria dos hemangiomas pode ser tratada com sucesso e ter uma boa evolução.
Acompanhamento
Independentemente da forma de manejo, é necessário um acompanhamento rigoroso para monitorar a evolução do tumor e garantir que quaisquer complicações potenciais sejam identificadas e tratadas prontamente. Isso pode envolver visitas regulares com um pediatra ou especialista, como um dermatologista ou cirurgião plástico.
Em geral, o manejo requer uma abordagem multidisciplinar que leve em consideração o tamanho, a localização e as complicações potenciais do tumor. Embora atualmente não existam métodos conhecidos para prevenir o desenvolvimento de hemangiomas infantis, a intervenção precoce pode ajudar a prevenir complicações e garantir o melhor desfecho possível para o paciente.
Conclusão
Os hemangiomas infantis são os tumores vasculares benignos mais comuns na infância. A causa exata não é clara, mas fatores de risco específicos, como baixo peso ao nascer, prematuridade, sexo feminino, raça branca e história familiar estão associados ao desenvolvimento. A maioria é benigna e auto-resolutiva, mas uma pequena porcentagem pode estar associada a complicações, resultando em dor, comprometimento funcional ou desfiguração permanente.
O tratamento depende de vários fatores, incluindo o tamanho e a localização da lesão, a presença de complicações e a idade da criança. Em geral, a maioria não necessita de tratamento e resolverá espontaneamente. No entanto, para aqueles que necessitam de tratamento, existem várias opções disponíveis, incluindo medicamentos orais, tratamentos tópicos, laserterapia e excisão cirúrgica.
A Academia Americana de Pediatria publicou uma diretriz de prática clínica para o manejo dos hemangiomas infantis, que fornece recomendações para a avaliação e tratamento dessas lesões. A diretriz enfatiza a importância do reconhecimento e da avaliação precoces para identificar aquelas que podem necessitar de tratamento e prevenir complicações.